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Enurese - Urina na Cama

O QUE É A ENURESE?
A enurese pode ser definida como a micção involuntária e frequente (pelo menos mais de uma vez por mês) numa idade na qual o controle vesical já devia existir. 
Somente a partir dos 5 a 6 anos de idade que passamos a considerar a enurese um problema, já que até esta idade muitas crianças normais ainda estão adquirindo controle completo sobre a micção. 

A enurese denomina-se noturna quando a micção involuntária ocorrer durante a noite (ou durante o sono) e diurna se ocorrer durante o dia. A enurese diz-se primária se a criança nunca adquiriu o controle de urina e secundária se surge após um período de controle vesical normal superior a 6 meses (por exemplo, uma criança de 7 anos que não urinava mais à noite na cama e, a partir de um momento, passa a ter enurese)

 

FRENQUÊNCIA DA ENURESE
A enurese noturna é um problema pediátrico muito comum.

Calcula-se que afete 15% das crianças aos 5 anos, 7% aos 10 anos, 3% aos 12 anos e 1% aos 20 anos. Mais de 80% das crianças enuréticas apresentam o sintoma somente à noite.

A enurese noturna não tratada cura espontaneamente ao ritmo de 10-20% dos casos por ano. No entanto, 10% das crianças enuréticas vão manter a enurese na idade adulta se não forem tratadas.

 

CAUSAS DA ENURESE
Raramente, a enurese noturna pode ser um sintoma de doenças variadas como infecções urinárias, doenças renais ou distúrbios hormonais. No entanto, na grande maioria dos casos não se encontra nenhuma doença. Nessas crianças parece haver um atraso do desenvolvimento do controle da bexiga. Algumas crianças têm bexigas de menor capacidade (bexigas pequenas) ou não conseguem reduzir a produção de urina durante o sono (o que deve ocorrer normalmente, graças à produção de um hormônio - o hormônio anti-diurético) fazendo com que não consigam "aguentar" a urina que produzem durante o sono. Outra causa possível é a de sono profundo. Acredita-se que algumas crianças que têm o sono mais pesado, não acordam quando a bexiga fica cheia. A certa altura o músculo da bexiga tem uma contração reflexa e leva à perda de urina. 

A enurese noturna tem uma elevada incidência familiar, isto é, passa muitas vezes de pais para filhos. Quase metade das crianças cujo pai ou a mãe tiveram enurese poderão também ter este problema. Há um índice de ocorrência de enurese noturna de 44% se um dos pais foi enurético. Se a enurese ocorreu com os dois pais esse índice aumenta para 77%. Por este motivo, existe grande evidência que a enurese tenha mesmo uma causa “física”, e não psicológica, na maioria dos casos.
A relação da enurese com os problemas psicológicos ou afetivos, apesar de muitas vezes invocada, não parece estar fundamentada em nenhuma prova científica.

 

INVESTIGAÇÃO E TRATAMENTO DA ENURESE
A enurese representa um pesado fardo para a criança e para a sua família, não só por afetar a auto-estima numa idade em que ela é extremamente importante para o desenvolvimento da personalidade, mas também por que acarreta custos econômicos e sociais consideráveis, que vão aumentando com o crescimento da criança. Além disso, a enurese pode limitar uma série de atividades comuns e importantes na infância, como dormir na casa de amigos, excursão da escola, acampamentos, visitas a familiares e outros. Uma criança com enurese evita todas estas atividades com receio de “urinar” na cama e as pessoas terem conhecimento do seu “problema”...
Finalmente, em raríssimos casos de crianças com enurese, pode haver anormalidades dos rins ou bexiga, tornando importante que a criança seja avaliada por um especialista para afastar a possibilidade de uma doença. 

COMO TRATAR A ENURESE?
Não existe um tratamento único para enurese e com resultado de cura em 100% dos casos. Existem vários tipos de tratamento, com resultados que variam de 60% a 80% de cura, ao longo do tratamento, e cada um indicado para cada caso especifico.

A primeira coisa a fazer é orientar a criança e os pais sobre a natureza do problema e sua reversibilidade, diminuindo a sua ansiedade. Diversos tratamentos existem, podendo ser utilizados isoladamente ou associados. A seguir descrevemos alguns deles: 

TRATAMENTO COMPORTAMENTAL e MOTIVACIONAL
Compreende medidas que visam motivar a criança ou alterar hábitos que possam predispor à enurese:
Comportamento positivo dos pais, incentivando a criança quando consegue passar uma noite ou várias noites seca .

Deve-se recompensar o esforço mais do que o sucesso. 

As recompensas podem ser “materiais”, caso a estratégia seja eficaz. 

Manter a criança envolvida no tratamento: uso do “diário miccional". 

Nunca castigar a criança: ela não molha a cama para chamar a atenção ou porque é preguiçosa. A criança não tem culpa. Castigá-la só vai fazê-la sentir-se pior. 
Se a criança for obstipada (intestino preso), esse problema deve ser resolvido. 

Evitar excesso de líquidos à noite. É um dos pontos mais importantes, e também dos mais difíceis. Procure não oferecer líquidos após o jantar. Será necessário retirar o hábito do “leite” antes de dormir.

Fazer xixi antes de se deitar. 

Acordar a criança na madrugada, para urinar: não pode ser considerada uma forma de tratar a enurese, mas muitas vezes melhora a autoestima da criança, uma vez que ela vai acordar “seca” por várias noites.

 

ALARMES PARA ENURESE

 

São uma forma de tratamento eficaz, sendo utilizados há vários anos principalmente em países europeus. No nosso meio ainda são pouco conhecidos e só recentemente começaram a ser comercializados no Brasil. O seu mecanismo de ação baseia-se na criação de um reflexo condicionado a um estímulo sonoro ou vibratório (alarme), obrigando a criança a despertar quando começa a perder urina. Com o passar do tempo (semanas, ou até meses) a criança associa a sensação de bexiga cheia à (eminente) ativação do alarme e passa a acordar antes de molhar a cama. Passado algum tempo deixa de acordar e agüenta toda a noite sem molhar a cama porque a bexiga vai conseguindo acomodar a urina.

 

MEDICAMENTOS

Alguns medicamentos podem ser utilizados para ajudar as crianças com enurese a ganhar controle sobre a micção. Cada um apresenta eficácia e efeitos colaterais variados, devendo ser utilizados sob rigoroso controle médico e associados à todas as terapias comportamentais.

Anticolinérgicos (oxibutirina): sua função é relaxar e inibir as contrações do músculo detrusor (o músculo que faz esvaziar a bexiga); pode ser eficaz para algumas crianças. De uma forma geral, é bem tolerado e não apresenta efeitos colaterais.

Análogos do hormônio antidiurético (desmopressina): fazem diminuir a produção da urina pelo rim durante o período em que estão no organismo; recomenda-se seu uso antes da criança deitar-se, podendo ser usados por via oral (comprimidos) ou através de um spray nasal; são bem tolerados e quase não tem efeitos colaterais; de qualquer forma, é um tratamento sintomático que só é eficaz quando se aplica (isto é, a criança geralmente volta a ter enurese depois de o deixar de usar). 

Antidepressivos (imipramina): parecem atuar por redução da produção noturna de urina (efeito antidiurético) embora o seu modo de ação não seja bem compreendido; tem uma eficácia bastante reduzida e o risco de efeitos colaterais é significativo, devendo ser tomados sob rigorosa orientação médica.

 

Publicado por Dr. Jairo Len

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